O patrimônio de Doutor Camargo foi plantado pela Companhia Norte do Paraná, atual Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná, responsável pela colonização do Município de Doutor Camargo.
O desbravamento da área onde hoje se acha instalado o município deu-se entre os anos de 1948 e 1950. Em 1950 a Companhia efetuou a abertura das primeiras estradas e iniciou as vendas dos lotes rurais, e em 1951, no dia 10 de dezembro, tiveram início o traçado urbano e a venda dos primeiros lotes.
A planta urbana do patrimônio de Doutor Camargo tinha 22,86 alqueires, igual à 553.450,30 m2, sendo 578 lotes com um total de 349.092,30 m2, e 148.910,00 m2 de praças, avenidas e ruas. Foram doados pela Companhia, 55.448,00 m2 para campo de futebol, cemitério, escola, igreja e praças.
O nome Doutor Camargo, dado ao município, foi uma homenagem prestada pela Companhia de Terras ao médico Antonio Cândido Camargo, nascido em Campinas – SP, em 16/08/1864, que formou-se em Medicina em Genebra, na Suíça, e ao regressar ao Brasil passou a exercer sua profissão na cidade de Limeira – SP, quando ficou famoso como cirurgião. O saudoso médico faleceu aos 82 anos, no ano de 1947.
A maioria das ruas do município recebeu nome de homens valorosos de nosso país, como Marechal Floriano Peixoto, Marechal Cândido Rondon, Duque de Caxias, General Carneiro, Almirante Tamandaré. As avenidas receberam nomes de rios e ribeirões da região, como Ivaí, Paiçandú, Andirá, bem como de algumas madeiras, como Cedro e Figueira. Algumas dessas vias tiveram seus nomes mudados para nomes de pessoas pioneiras da cidade.
O primeiro pioneiro a chegar ao município, em 1949, foi o senhor Guilherme Pereira, que construiu seu rancho, fez derrubada e formou lavoura. Mas foi a partir do ano de 1951 que começaram a chegar os primeiros habitantes, vindos dos Estados de São Paulo e Minas Gerais em busca de riqueza nesta região, e que foram atraídos pela densa e robusta floresta com madeiras de lei – peroba, óleo-pardo, cedro, canela, marfim, cana-fístula, canjarana, ipê-roxo, ipê-amarelo, alecrim, pau-d’alho, timburi, entre outros – e pela fertilidade do solo, característico de alta produtividade agrícola e principalmente para a produção do café. Encontrava-se nesta área muito ortigão, palmito, pau-d’alho, cebolão, figueira branca, canjarana; uma vegetação só encontrada em solo de alta produção de café, comprovadamente.
No princípio, os primeiros povoadores da região iniciaram a colonização pela exploração das madeiras de lei ali existentes, e consequentemente com o plantio de café. Eles trouxeram suas experiências agrícolas e iniciaram o plantio do café em larga escala, isto por volta de 1952.
De 1952 até 1958 a região pouco se desenvolveu; isto porque em 1955 os cafezais desta região ficaram reduzidos a quase que nada em razão da grande geada. A partir de 1958, a região recebeu novos colonizadores, vindos de diversas regiões do Brasil, aumentando assim a população agrícola e fortalecendo novos cafeeiros no município, dando novo impulso no início da cidade. A lavoura prosperou rapidamente, tornando-se a principal atividade econômica até meado da década de 1970.